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  • Foto do escritorVinicius Augusto Bozzo

Ensaio: Mídias, eleições e o meu medo

AVISO: Esse texto não tem objetivos de campanha eleitoral para ninguém. Não tem o intuito de te dar dicas, ganhar leads ou qualquer outra estratégia comunicacional que não seja desabafar em forma de texto. Você poderá ler sem ter qualquer raiva de mim. Pelo menos é o que eu vou tentar.


Resolvi escrever sobre o medo. Estudei comunicação, marketing e audiovisual. Todas essas áreas me deram um repertório que me faz ver um pouco mais do que a média quando uma propaganda, uma notícia, uma novela ou uma entrevista com presidenciáveis passa na tv.


Ver um pouco a mais nem sempre é bom. E as redes sociais que, outrora pareciam ser um local de conversão, convergência e conexão, hoje é um local de divergências. Tenho visto "sangue" intelectual escorrer em minha timeline. Pessoas que andavam juntas que tem alinhamentos políticos parecidos, crenças parecidas e metas parecidas. Vejo amigos de verdade se bloquearem sem cerimônias. Até eu mesmo já fiz isso!


Eu vi nascer o Orkut. Quando cheguei aqui tudo era mato. Não passava pela minha cabeça que a internet viraria tal campo de guerra civil. Não sou contra as discordâncias, pelo contrário, sou a favor. O legal da democracia é isso, poder ouvir todas as opiniões, até as mais idiotas na sua opinião. Somos bilhões no mundo e não somos iguais. A internet que veio para nos unir em conexão está afastando até os pares. Vamos ficar fechados em nossas casas, postando ideias para meia dúzia de pessoas que você ainda não bloqueou ou que ainda não te bloquearam.


As eleições potencializam tudo isso no Brasil. As mídias digitais, somadas às mídias tradicionais que bebem cada vez mais na mídia digital estão formando uma quadrilha de desinformação. Tweet tem peso de depoimento e é usado como aspas. Wikipedia virou fonte. Notícia falsa virou verdade. Será que não está na hora de nós, audiência, pararmos para ler antes de postar?


E qual é o meu medo? De não nos encontrarmos mais, de nos isolarmos tanto a ponto de não discutir mais nada, não brigar, não nos atritar... Ai como será bom! Porém, também não vamos mais nos complementar, nos descobrir, talvez até rir. Não vamos mais.


O mundo não está chato. O mundo está ficando só. E só quem lucra com isso são os mesmo de sempre, que agora descobriram uma nova maneira de nos deixar ocupados. Boa noite!


“No  1984 orwelliano a sociedade era consciente de que estava sendo dominada; hoje não temos nem essa consciência de dominação” - Byung-Chul Han
 

Texto originalmente publicado o LinkedIn, em 28 de agosto de 2018, ver mais: https://www.linkedin.com/pulse/ensaio-m%C3%ADdias-elei%C3%A7%C3%B5es-e-o-meu-medo-vinicius-augusto-bozzo/

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